ed. 24 - beneméritos da humanidade

Lúcia Andrade

A grande dama da educação brasileira
Anália Franco Bastos
Você conhece o Shopping Anália Franco? Certamente o conhece, mas sabe quem foi esta ilustre senhora que deu nome ao shopping? Ela fundou mais de setenta escolas e mais de vinte asilos para crianças órfãs.
Ao receber a incumbência de escrever este artigo, veio-me à lembrança o período em que frequentei o educandário Anália Franco, na Rua Regente Feijó (Mooca), através do grupo da juventude da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Isso foi lá pelos idos de 1965, quando a saudosa professora Giuvette nos ensinava aos domingos a fazer as marionetes de feltro e uma vez ao mês íamos ao referido educandário de meninas órfãs fazer um teatrinho de marionetes. Quanto tempo se passou!
Mas voltando à nossa benemérita, o bairro Jardim Anália Franco recebeu esse nome por influência de suas várias obras filantrópicas.
Ela nasceu em 1˚ de fevereiro de 1853, em Resende, no Rio de Janeiro. A fama da sua exemplar obra de educação e filantropia correu todo o país. Do Amazonas ao Rio Grande do Sul, passando pelo Norte, Nordeste, sertão mineiro, sudeste, nos idos tempos do começo do século.
Nesta sublime caminhada fez-se empresária, empreendedora, escritora, jornalista, educadora, teatróloga, literata, feminista, republicana, abolicionista e, pasmem, espírita de quatro costados, numa época de grande domínio clerical.
Anália manteve tão profícuas e variadas atividades durante sua vida com seu talento multifacetário, seu coração inclinado à solidariedade humana e sua determinação pertinaz, que parece que seduzia a uns mas afastava a outros, por se tratar de uma mulher que fugia totalmente aos padrões da época e por realizar uma obra que muitos homens juntos não conseguiram.
Com 16 anos de idade entrou num Concurso de Câmara e logrou aprovação para exercer o cargo de professora primária. Trabalhou como assistente de sua própria mãe durante algum tempo. Anteriormente a 1875 diplomou-se normalista em São Paulo.
Foi após a Lei do Ventre Livre que sua verdadeira vocação se exteriorizou: a vocação literária. Nessa ocasião, trocou seu cargo na capital de São Paulo por outro no interior, a fim de socorrer as criancinhas necessitadas. Num bairro duma cidade do norte do estado de São Paulo conseguiu uma casa para instalar uma escola primária.
Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no interior, volta para São Paulo e entra, brilhantemente, para o grupo abolicionista e republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar, em 1898, uma revista própria, intitulada Álbum das Meninas. O artigo de fundo, do primeiro número, tinha o título “Às mães e educadoras”.
Criou várias escolas maternais e escolas elementares e, em 1902, o Liceu Feminino, com curso de dois anos para as professoras de escolas maternais e de três anos para as escolas elementares.
A vasta sementeira de Anália Franco constituiu 71 escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 banda musical feminina, 1 orquestra, 1 grupo dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, em 24 cidades do interior e na capital paulista.
Anália morreu com 66 anos, no dia 20 de janeiro de 1919. Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, ideia essa concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o Asilo Anália Franco.
A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e meritórias da história do espiritismo.

Bibliografia:
MONTEIRO, Eduardo Carvalho - Anália Franco, A Grande Dama da Educação Brasileira - Editora Eldorado Espírita, edição 1, São Paulo, abril 92.


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