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por Gláucia Savin

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O sentido espírita do Natal

Sem dúvidas, no calendário ocidental, o Natal é a data mais celebrada e também aquela cercada do maior número de simbolismos. Para entender o sentido que, como espíritas, devemos atribuir ao Natal, temos que recordar a origem de alguns destes símbolos e de seus significados.

A data de nascimento de Cristo é bastante controvertida, pois os antigos não possuíam calendários fixos, como na atualidade. O tempo nas sociedades predominantemente agrícolas era relacionado ao passar das estações do ano. Mesmo os romanos possuíam calendários diferentes: o calendário do Imperador Júlio Cesar se iniciava em julho e o de Augusto, em agosto. Os meses tinham números de dias variáveis, de acordo com o imperador reinante.

Quanto à data do nascimento de Cristo, conta-nos a Bíblia que César Augusto, então Imperador Romano, ordenou por meio de um decreto, o recenseamento da população do império. A ordem teria sido cumprida pelo Governador sírio, Quirino. De acordo com a ordem, cada um deveria apresentar-se à sua cidade natal. Por este motivo, José, pai de Jesus, embora habitasse em Nazaré, na Galileia, por ser descendente da casa de David, deveria alistar-se em Belém com sua mulher, Maria. Embora todos os fatos estejam consoantes com a narrativa bíblica, historiadores datam o recenseamento no ano 6 d.C.

O Evangelho de Mateus nos conta que Jesus nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande. Herodes morreu em 4 a.C. Isto significa que Jesus pode ter nascido antes de 4 a.C.

O tradicional dia 25 de dezembro tem como origem o Solstício de Inverno que marcava a despedida da estação de calor e o período de descanso do solo no hemisfério norte. Esse acontecimento era marcado por comemorações pagãs, as Saturnálias, que tinham início no dia 25 de dezembro e se estendiam por doze dias, até o dia seis de janeiro. Para substituí-las, no ano de 350 d.C, por meio de um decreto do Papa Julio I, a data de 25 de dezembro foi oficialmente fixada como Natal, celebrado até hoje por nós.

A estrela de Belém, outro importante símbolo natalino, decorre de relatos que reportam à existência de uma estrela que brilhou sobre as colinas da cidade durante algumas noites e, depois, desapareceu, como se houvesse se consumido. Astrônomos da época consideraram tratar-se de um meteoro que poderia ter se incendiado. Na atualidade, pensa-se que a população da época pode ter presenciado a explosão de uma supernova. De qualquer maneira, vários cálculos baseados em astronomia, história e na Bíblia acabaram situando a data deste acontecimento astronômico entre o intervalo entre 7 e 4 a.C.

Mas, então, qual a data do nascimento de Cristo? E qual seria o sentido do Natal?

Como sabemos, Jesus é o espírito que se responsabilizou pelo desenvolvimento dos espíritos que encarnaram na Terra. Por seus elevados ensinamentos morais, Jesus tem sido um modelo e um guia para a humanidade, assim reconhecido mesmo por não cristãos.

A despeito, portanto, das controvérsias sobre a data de seu nascimento, retomemos a esplêndida lição de Vinícius, em sua obra Considerações sobre a Doutrina de Jesus sobre o nascimento do Cristo e façamos um paralelo:

Se perguntássemos ao apóstolo Paulo onde e quando Jesus nasceu, ele nos responderia que Jesus nasceu na Estrada de Damasco, quando sua intensa luz chegou a cegá-lo;

Se perguntarmos a Madalena, onde nasceu Jesus, ela nos responderia que Cristo nasceu em Bethânia, quando a pureza do Mestre a tocou, renovando seus sentimentos e convocando-a para uma nova vida;

Se fizermos a Pedro a mesma pergunta, ele nos responderá que Jesus nasceu para ele no átrio de Pôncio Pilatos, no momento em que o galo, cantando pela terceira vez, despertou sua consciência para a verdade;

Quando indagarmos a Zaqueu, o publicano, ele nos dirá que Jesus nasceu em Jericó, numa manhã de sol, quando o Mestre o viu postado no alto de uma árvore para vê-lo passar;

Para Tomé, o incrédulo, o Mestre nasceu em Jerusalém, quando pode testemunhar que a morte não tinha poder algum sobre o Filho de Deus;

Por fim, para Dimas, o bom ladrão, Cristo nasceu no alto do Calvário, justamente quando a ignorância da humanidade pretendia aniquilá-lo para sempre.

Cada um de nós, a exemplo das figuras da história, tem registrado em nosso íntimo, a data em que Jesus nasceu em nossos corações, convocando-nos, de forma inapelável ao nosso desenvolvimento moral por meio da prática do bem. Essa é a data do nosso Natal pessoal que, fraternalmente, compartilhamos juntos, no dia 25 de dezembro, em um momento que procuramos reunir nossas famílias e amigos, em torno do ideal cristão.

Percebemos que o calendário não importa. O que vale é podermos, a cada comemoração, nos voltarmos às lembranças que nos reportam ao nosso encontro pessoal com o Mestre, agradecidos pela oportunidade de renovação na trilha da fraternidade universal. E nestes inesquecíveis momentos de elevação e amor, ao dirigirmos nossas mentes em prece de gratidão, podemos ouvir os cânticos dos espíritos de luz ecoando no espaço: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”.

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