Ed. 12–Matéria doutrinária - A Gênese

por Carlos Guilherme Steagall Gertsenchtein



Introdução e Histórico

A obra conhecida como A Gênese, cujo nome completo é A Gênese, Os Milagres e as Predições
Segundo o Espiritismo (La Genése, les Miracles et les Preditions selon le Spiritisme), foi publicada em
6 de janeiro de 1868, sendo o último volume individual dentre os da codificação publicada por
Allan Kardec antes de seu desencarne.

A Gênese pode ser vista como uma forma utilizada por Kardec e pelos espíritos ligados à codificação para comparar/reconciliar a visão que o espiritismo traz sobre as Leis de Deus no que tange aos tópicos cobertos pela obra, à versão científica apresentada para estes mesmos fatos. Adicionalmente, Kardec faz
um paralelo sobre o desenvolvimento dos mundos espiritual e material, apontando a interdependência da evolução destes dois universos.

É interessante notar que Kardec deliberadamente escolheu dissociar a sua abordagem quanto à moral
cristã (que foi o tema do Evangelho Segundo o Espiritismo) da discussão dos fenômenos de caráter mais físico apresentados pelo evangelho
de Cristo, o que foi inteiramente reservado a este livro.

segundo a visão espírita de compreensão da realidade.

Ela é essencialmente dividida em três partes.

A primeira parte trata da Gênese, isto é, da formação dos mundos e da criação dos seres animados e inanimados, do processo espiritual
e físico da criação da Terra, dos astros e planetas que compõem o universo, segundo a visão científica
de seu tempo. Neste trecho Kardec elabora sobre a Gênese e a evolução em duas frentes diferentes,
relacionando-as entre si: a Gênese do mundo espiritual, e a Gênese do mundo material (aquele estudado pela ciência humana) – mundos
distintos, mas profundamente interligados e interdependentes.

A segunda parte trata dos milagres, discorrendo sobre o que pode ser considerado de fato um milagre, e explicando à luz do espiritismo
os muitos “milagres” praticados por Jesus.

Kardec procura estudar estes eventos como fenômenos naturais cujos mecanismos de funcionamento eram e são, de forma geral, desconhecidos pela ciência humana. Nesta parte são
abordados em maior nível de detalhe o perispírito e os fluidos, base constituinte do universo.

A terceira parte explica como e porque pode haver previsões de coisas futuras e pressentimentos,
e analisa uma série de eventos evangélicos que tem esta natureza.

Conclusão

Fazendo uma conexão com o epígrafe da obra (os negritos são de nossa autoria): “A Doutrina Espírita
é a resultante do ensino coletivo e concordante dos Espíritos” (que por consequência, deve refletir as Leis de Deus). “A Ciência está chamada a constituir a Gênese segundo as leis da Natureza” (em referência à Criação e a interpretação científica
da aplicação das Leis de Deus na formação do Universo, dos planetas e de tudo, enfim). “Deus prova Sua Grandeza e Seu Poder pela imutabilidade de Suas Leis, e não pela sua suspensão” (em referência aos milagres, onde impressão de
suspensão das Leis de Deus é causada pela nossa limitação de conhecimentos). “Para Deus,
o passado e o futuro são o presente” (em referência às predições, que nos impressionam porque temos
uma noção de tempo específica à nossa condição de seres em evolução – quando para Deus, o tempo é como um planalto muito grande, que observado de cima permite a onisciência do que se passa em todas as suas regiões).

Diz Kardec (A Gênese, FEB, 32ª ed., Rio de Janeiro, 1988 – tradução Guillon Ribeiro, cap. I, item 55):
“Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é
que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como
todas as ciências de observação.

Pela sua substância, alia-se à Ciência, que, sendo a exposição das leis da Natureza, com relação a
certa ordem de fatos, não pode ser contrária às Leis de Deus, Autor daquelas Leis. As descobertas que
a Ciência realiza, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus; unicamente destroem o que os
homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus”.

Quando é feita uma análise contemporânea da Gênese, notável é identificar que, na comparação
entre as explicações oferecidas pela doutrina espírita e àquelas oferecidas pela ciência da época,
aquelas oferecidas pela doutrina e que intentam revelar a natureza das Leis de Deus e da criação
permanecem bastante atuais, enquanto que as explicações da ciência humana evoluíram
bastante. Assim, verificamos que a imutabilidade das Leis de Deus se comprova na prática -
mas também que há uma crescente convergência entre ambos.

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