Ed. 09 – Por dentro do IEE – Atendimento fraterno no IEE

por Lúcia Maria Silva de Andrade

...”Venho instruir e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de suas provas, que chorem, porquanto a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; mas, que esperem, pois que também a eles os anjos consoladores lhes virão enxugar as lágrimas” (O Espírito da Verdade).

Em continuação à série “Conhecendo o IEE”, optamos por enfocar os trabalhos da casa nas próximas edições, iniciando com o atendimento fraterno e o tratamento espiritual.

O atendimento fraterno é uma prática comum nas instituições espíritas, e a metodologia empregada em nossa casa, não difere muito das outras porque seguimos parâmetros de experiências bem sucedidas. Para elaborar este texto, tomei como base a “Apostila de Atendimento Fraterno”, de autoria de Vanda Simões, e utilizada também pelo Grupo Espírita Bezerra de Menezes, por conter explicações de forma muito clara e didática.

Para aprofundamento do conhecimento: http://www.uemmg.org.br/enviar.php  e http://www.salaemn.hpg.ig.com.br/atendimentofraterno.htm.

O que é o atendimento fraterno na casa espírita?

É um trabalho estruturado de forma a receber, em primeira mão, as criaturas necessitadas de ajuda que procuram na doutrina espírita a solução ou alívio para problemas de toda ordem. Essas pessoas, na maioria das vezes, já vêm de outras experiências no campo do auxílio e procuram o centro espírita, como “último recurso” para seus males. Muitas vezes céticos, esses indivíduos necessitam de boa dose de estímulo para permanecerem firmes na decisão de encontrar respostas para suas perguntas.

O atendimento fraterno desempenha esse papel de recepção, esclarecimento básico, amparo, reajuste e redirecionamento de idéias. No atendimento fraterno é importante que se obedeça a um esquema mínimo de organização e conhecimento, a fim de que trabalhemos com ordem e disciplina.

A seguir, falarei de todos os itens relativos ao serviço de atendimento fraterno da nossa casa espírita.

Recepção e triagem

Grande parte das pessoas que adentram o centro espírita pela primeira vez, o fazem em busca de algum tipo de auxílio.

Poucas são as que vão paraconhecer o espiritismo ou por curiosidade, ou ainda como visitantes. A casa espírita deve dispor de meios para bem receber essas pessoas.

O primeiro passo para iniciar o trabalho de atendimento fraterno, é determinar o dia mais adequado e mais cômodo para se estabelecer o trabalho.

Em nossa casa, esse serviço funciona no dia da reunião pública, depois do início dos trabalhos de explanação (segundas e quintas, a partir das 20hs).

Em dia, horário e local preestabelecido, um ou dois trabalhadores bem educados e treinados para a tarefa, receberão as pessoas que chegam pela primeira vez, dando-lhes as informações necessárias a cada caso.

É necessário presteza, simpatia e agilidade, discrição e seriedade. A primeira impressão que a pessoa terá do trabalho será muito importante. Pessoas sérias não retornarão a locais que não transpirem idoneidade e credibilidade.

A triagem é feita nessa hora de conversa informal, onde o “recepcionista” bem treinado, observará pela sua perspicácia, qual a necessidade daquela pessoa. Se for um caso que demande maiores cuidados, a pessoa será encaminhada à sala de entrevistas para uma conversa mais reservada e posterior direcionamento.

Antes, porém, será preenchida uma ficha de dados, com informações básicas sobre o paciente: nome, idade, endereço, profissão etc. Caso contrário, ou seja, se a pessoa não estiver precisando de nenhum tipo de ajuda, ela será encaminhada para os trabalhos públicos de explanação.

A recepção deverá ser feita por pessoas que conheçam de perto o funcionamento da casa a fim de evitar situações constrangedoras em relação às informações desencontradas que possam prejudicar a credibilidade do trabalho.

Entrevista

Uma vez detectada a necessidade de maiores cuidados por parte da pessoa, ele será encaminhada à entrevista, que é uma conversa fraterna que se tem com o assistido, para que se possa tirar dele as informações necessárias para elucidação do caso e adequado auxílio.

A entrevista é breve e objetiva, e o local onde são feitas as perguntas é reservado, por tratar-se de assuntos relacionados à intimidade das pessoas. É feita com o maior respeito e discrição possível, frente a tantos dramas.

O entrevistador

A entrevista é uma tarefa que requer condições especiais do trabalhador. Alguém com condições morais acima da média, que tenha um bom embasamento doutrinário e maturidade suficientes para lidar com situações as mais inusitadas.

Os problemas que se apresentam são os mais variados, desde simples perturbações espirituais até obsessões graves, passando por problemas de ordem emocional, física e psíquica.

A pessoa que ali está vê no entrevistador alguém que pode ajudá-lo a resolver seus problemas. Coloca com confiança a situação que o levou a buscar ajuda e têm expectativas em melhorar sua condição.

É necessário, portanto, que o entrevistador seja pessoa preparada para esse trabalho, com devido treinamento nessa área, que tenha capacidade para compreender os problemas humanos, assim como condições para estabelecer um diálogo aberto e franco com o assistido. Infundir confiança na assistência espiritual recebida é a grande tarefa do entrevistador. Tarefa de grande responsabilidade que carece de muita dedicação e devotamento para se ter um resultado satisfatório.

O entrevistado

O entrevistado tem como sua principal característica, o fato de estar necessitando de algum tipo de ajuda. A cada um, será dada uma orientação diferenciada, de acordo com as necessidades do caso.

Encaminhamento do assistido

Finalmente, depois da triagem e entrevista do paciente, este é direcionado para assistência espiritual ou algum setor da casa, se for de sua vontade permanecer nela. Neste caso, pode ser encaminhado para os cursos que o centro espírita oferece e que são adequados para o seu nível de entendimento. Também poderá ser estimulado a servir, como voluntário, nas fileiras do trabalho caritativo. Enfim, se através do atendimento fraterno da casa espírita, as pessoas conseguirem recuperar seu equilíbrio e serenidade, o trabalho já terá atingido seu objetivo. Se elas frequentarão a casa espírita, isso o tempo dirá.

O que é o tratamento espiritual?

A expressão tratamento espiritual é utilizada para abranger um conjunto de ações terapêuticas, de fundamentação religiosa, praticados em centros espíritas e espiritualistas, que têm como objetivo um auxílio no tratamento de doenças do corpo ou da menteO atendimento espiritual auxilia a galgar o equilíbrio físico, espiritual e mental.

São denominados de espirituais pelo fato de, segundo afirmam aqueles que praticam estes tratamentos, serem realizados - no corpo fisico ou no chamado perispírito - por espíritos desencarnados, com o eventual auxílio de um médium.

No primeiro caso, no Brasil, por exemplo, ficaram famosas as cirurgias praticadas pela entidade “Dr. Fritz”, através do médium José Arigó. No IEE, o atendimento espiritual tem como objetivo dar uma assistência física e espiritual aos consulentes, e é feito por uma equipe de encarnados e desencarnados.

Como receber esse tratamento espiritual?

A pessoa necessitada passará por entrevista, onde será exposto seu problema ao entrevistador que elaborará uma ficha com todos os dados do assistido, descrevendo o problema.

O assistido deverá se dirigir para a sala das palestras, tomar o passe e aguardar para ser chamado para o atendimento. A ficha do assistido fica em poder do responsável pelo trabalho espiritual para as devidas anotações durante todo o tratamento que é feito através da aplicação de passe “... que corresponde a uma transmissão de fluidos magnéticos e/ou espirituais de um indivíduo para outro, podendo, uns e outros, estarem encarnados ou não”.

Ao completarem quatro atendimentos, o assistido deverá retornar ao atendimento fraterno para verificar a sua melhora. Havendo necessidade, continuará o tratamento, caso contrário, é liberado, devendo, entretanto, continuar assistindo às palestras e tomando passes, para seu próprio beneficio, assim como frequentar os cursos que a casa oferece para melhor conhecer a doutrina, ou, ainda, ser um colaborador na casa.

Muito importante: o assistido não deve faltar, para não interromper o tratamento e seguir corretamente as orientações.

“Preparar-se bem, psicológica e doutrinariamente, faz-se imprescindível para o desempenho correto do mister a que o atendente fraterno deseja dedicar-se... Uma proposta psicoterapêutica válida deve ser estruturada no sentido da descoberta do ser integral e da finalidade existencial que pode ser alcançada por todos”. (Joanna de Ângelis)

Índice edição 09

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