Ed. 06 – Matéria Especial Chico

por Sandra Dourado

Francisco Cândido Xavier: um médium com amor

Jesus, na parábola da semente, comparou o servo de Deus ao homem que lança na terra a semente que germina, cresce, se transforma em espiga e depois se cobre de grãos. Assim, transmitiu o ensinamento de que os grãos fecundos são os espíritos elevados, que em missão reencarnam na Terra para ajudar a humanidade a progredir moral e intelectualmente.

Os verdadeiros missionários revelam-se por seus atos e palavras, pela influência moralizadora de suas obras, são pessoas do bem, humildes e modestos, ignoram serem enviados de Deus, não fazem propaganda de si mesmos.

Unem cérebro e coração; razão e sentimento. Chico Xavier, o mais eminente médium, divulgador da doutrina espírita é um destes missionários, que renasce com a tarefa de esclarecer e consolar espíritos que se encontram na descrença, na dúvida ou na dor; trazendo esperança e confiança na justiça divina, conquistadas na compreensão dos ensinamentos do Cristo.

Chico teve três períodos distintos na sua vida mediúnica. O primeiro, de completa incompreensão para ele, é aquele dos cinco anos de idade, quando via a mãe proteger-lhe, até os dezessete anos, quando a doutrina espírita começou a fazer parte da sua casa.

O segundo, de 1928 a 1931, quando psicografou centenas de mensagens, que mais tarde, determinou que fossem inutilizadas, porque em sua opinião essas mensagens eram apenas esboços e exercícios. E o terceiro período começou com a presença de abnegado Emmanuel, que, em 1931, assumiu o encargo de orientar todas as atividades mediúnicas até o término da sua jornada na Terra aos 92 anos.

Quando Emmanuel disse a Chico que pretendia trabalhar ao seu lado por longo tempo, alertou que este deveria procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e se ele, Emmanuel, algo aconselhasse em desacordo, que permanecesse com Jesus e Kardec, e procurasse esquecê-lo.

A coragem de Chico Xavier impulsionou muitos médiuns a estudar, compreender e aceitar seus dons, utilizando-os para o bem e para divulgação da mensagem de Jesus. Expandiu o movimento espírita no Brasil, deu testemunhos inegáveis da sobrevivência da alma, e, com o seu exemplo, estimulou a fé, a caridade e a alegria.

A mediunidade dele foi colocada, algumas vezes, em dúvida e ele sofria a fim de explicar sem ser compreendido. Certo dia estando Chico desanimado surge o espírito de Dona Maria João de Deus aconselhando: “meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz”. O médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo. Ao fim de duas semanas, comunicou à genitora desencarnada o fracasso da busca. Ela sorriu e falou: “não precisa viajar em semelhante procura. A Água da Paz pode ser a água do pote. Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca.

Não a lance fora, nem a engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a Água da Paz, banhando a língua”. O médium então compreendeu que a mãe lhe chamava à atenção para a lição da humildade e do silêncio.
Para Chico, os verdadeiros responsáveis por seu trabalho são os benfeitores espirituais — ele se dizia apenas um modesto veículo por meio do qual esses seres transmitiam suas mensagens de amor e esperança. Ele não impôs, expôs sem a pretensão de mudar ninguém, mas muito exigiu de si a ser a cada hora melhor do que o era minutos atrás.

Os “pobres de espírito” são os humildes, que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que nada sabem.

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