Edição 11 – Capa–Educação espírita da infância e da juventude

 

Por Sandra Dourado

“O que uma criança não recebe, ela raramente poderá oferecer mais tarde”
P.D. James

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Equipe de trabalhadores voluntários da atividade de Educação Espírita da Infância e Juventude

O mundo clama por amor.
Vivemos ainda, em uma sociedade que busca o prazer imediato, a satisfação das paixões, a corrida
por riqueza material, a beleza física como meta de felicidade. Com isto passamos valores distorcidos às
crianças, espíritos que nos foram confiados para evoluir, por meio da nossa orientação e amparo.

Comecemos por entender que a felicidade não está distante, nem ao lado, mas dentro de nós,
pois ali foi depositada por Deus, aguardando o momento do despertar de cada ser para sua
essência divina.

A educação se inicia na infância, desde os primeiros momentos do espírito encarnado. E a responsabilidade primeira de educar compete aos pais, que assumiram o compromisso na pátria espiritual não só com a tarefa de dar alimento, lazer, escola, conforto, mas de semear no coração sentimentos e virtudes que os orientarão
e iluminarão os caminhos. Jesus não exige que sejamos pais perfeitos, mas dedicados, não
esmorecendo frente às dificuldades e à sublime tarefa de educar.

Auxiliar os filhos a desenvolver a autoestima – ouvindo, respeitando seus pontos de vista, estabelecendo limites, elogiando no momento
adequado, não fazendo por eles, dando responsabilidades – proporciona a auto-confiança e a
certeza de ser querido.

582. Pode-se considerar como missão a paternidade?
“É, sem contestação possível, uma verdadeira  missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que
envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou
o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa
dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões.
Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons
frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa
deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida
futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)

É justa a preocupação que temos com os filhos em relação aos títulos acadêmicos, a remuneração
profissional, mas torna-se um problema quando damos um valor excessivo, por vezes até obsessivo,
desprezando a formação moral, o aprimoramento dos sentimentos, a reeducação de hábitos
e a formação do caráter. Existe  grande probabilidade de criarmos eres egocêntricos, perfeccionistas, intolerantes, com desajustes sociais
e causadores de desastres morais, quando não os ensinamos a falar de sentimentos, a valorizar o afeto,
a pensar na vida espiritual e a estabelecer contato com Deus, apenas orientando a atingir metas
materiais.

Divaldo Franco afirma que não dar orientação religiosa aos filhos seria o mesmo que deixá-los
no analfabetismo, para que, ao atingirem a maioridade, escolham qual a cultura que desejarão
realizar. Os pais têm deveres para com os filhos. O homem tem a infância longa, uma adolescência
demorada para possuir a faculdade do discernimento na idade da razão. Os pais escolhem
a melhor alimentação, a melhor educação e  iretrizes de segurança.

Por que não a religião? Deixarão que o filho escolha, como se a religião fosse um adorno secundário,
de modo que, depois de contaminado, eleja o que pareça melhor? Não deixemos nossos filhos a mercê dos perigos, para depois alertá-los!(1)

“Nenhum pai consciente e esclarecido deixará ao filho o cuidado de decidir, quando adulto,
se desejará ser alfabetizado. O mesmo podemos dizer a respeito da orientação religiosa, a alfabetização do Espírito”
Richard Simonetti (2)

Os métodos pedagógicos do Evangelho de Jesus são sempre os mesmos, através dos séculos,
esperando dos homens maior capacidade de penetração interpretativa e de testemunho
nos seus ensinamentos de amor e caridade, educação e aperfeiçoamento. (3)

A doutrina espírita por si só é uma proposta pedagógica e por isto a tarefa de codificá-la foi confiada a Kardec, que direcionou o espiritismo para a sua verdadeira função: de sintetizar o
conhecimento humano reunindo todas as áreas e, ao mesmo tempo, propor ao homem um caminho
de auto-educação.

Hippolyte Léon Denizard Rivail (educador, escritor e tradutor com o pseudônimo de Allan Kardec) foi
educado em Yverdon, na Suíça, pelo pedagogo Pestalozzi que acreditava no poder da educação
para aperfeiçoar o indivíduo e a sociedade e inculcou nas crianças sentimentos de igualdade
humana, inspirando-as a cultivarem os primeiros sentimentos de vida em comum. Defendeu a tese
que o homem é bom por natureza (tem o gérmen latente da perfeição) e o papel da educação consiste
em estar conectada com a realidade do mundo que a criança vive; cabe ao educador, entendase
aqui todo aquele que tem a criança ou o jovem sob a sua responsabilidade, doar uma parcela do seu amor ao educando.

A educação espírita da infância e da juventude do IEE, também conhecida como evangelização, tem como proposta:

• estabelecer uma parceria com os pais no intuito de facilitar no espírito o processo do desenvolvimento do potencial de amor (sentimento); sabedoria
(inteligência) e vontade (a energia interior que
impulsiona o ser a agir) que todos trazemos em nós mesmos;

• transmitir conhecimento doutrinário;

• proporcionar a socialização e a formação de sentimentos e ideais. A criança e o jovem (todos) são seres que pensam, sentem e agem e como tal
devem ser tratados.(4)

O objetivo do trabalho da Educação Espírita da Infância e da Juventude do IEE é a emancipação do ser baseada na percepção e na compreensão da sua própria natureza espiritual. Não se trata de transformar crianças e jovens em espíritas, mas sim torná-las pessoas felizes, realizadas, conscientes das leis da vida e da sua função no universo.

O trabalho se desenvolverá em todas as dimensões do ser; interligando conceitos, sentimentos e prática; adaptado a cada realidade, sem perder-se dos princípios norteadores da doutrina espírita.(5)

Em 2011, o programa está dividido em quatro módulos:

1º: Amor próprio-eu; começando pelo auto-conhecimento, autoestima, pois como o maior
mandamento de Jesus diz “ama a teu próximo como a ti mesmo”, é necessário incentivar o conhecimento de si mesmo, reconhecendo valores e limitações, se autoperdoando, pois só assim teremos condições
de amar, tolerar e perdoar; ninguém dá o que não tem;

2º: Amor ao próximo;

3º: Mudamos o mundo: uma reflexão sobre os relacionamentos e a ação dos pensamentos;

4º: Entra na primeira parte do Livro dos espíritos: Deus.

Nos dois anos seguintes daremos sequência ao Livro dos Espíritos e depois retornamos ao mesmo
programa de 2011.

As crianças e os jovens serão incentivados a falar da sua vivência, sentimentos e opiniões, para que
os conteúdos doutrinários possam fazer sentido nas suas vidas e deste modo entendidos e aplicados.

Ou seja, será trabalhado o sentir, pensar e agir. Quando compreendo os meus sentimentos, o que penso a respeito, o quanto isto me ajuda
ou me atrapalha, passo a ter condições de mudar o meu comportamento, a minha ação.

O espírito não é um depósito de informação, ele não
evolui simplesmente ouvindo aulas teóricas, mas por meio de um processo mais amplo que envolve
a ação, a atividade, a vivência, num clima de cooperação. Através desta ação, desta vivência o espírito vai interiorizando, construindo cada
ensinamento em si mesmo.

Segundo Herculano Pires, a “responsabilidade é uma flor delicada que só nasce no solo da liberdade”.

Ninguém aprende a ser responsável apenas obedecendo ordens. Ninguém aprende a agir moralmente agindo sempre sob coerção. É preciso sentir e entender para mudar as atitudes.(6)

Dora Incontri Como o pensamento cria e a vontade edifica, um grupo aproximado de vinte voluntários tem se reunido, com entusiasmo e muito empenho, semanalmente, estudando e dando corpo a este
projeto. O programa está baseado no Livro dos Espíritos e nas obras do escritor espírita Walter
de Oliveira Alves.

A atividade de educação espírita da criança e do jovem se iniciará no dia 12 de março de 2011, sempre aos sábados, das 10h às 11h30m.

Simultaneamente, os pais e o público em geral poderão assistir às palestras no horário das 10 às 11h.

Se você, assim como nós, acredita que a doutrina espírita, pode auxiliar na complexa tarefa da educação do ser integral, realize a pré-matrícula
na secretaria, na livraria ou por meio do e-mail evangelizacao@institutoespirita.org.br, informando os seguintes dados:

• nome da criança ou jovem;
• data de nascimento;
• nome dos pais;
• e-mail e telefone.

“Allan Kardec acenou-nos com a luminosa informação de que somente a educação moral,
a que consiste na arte de formar os caracteres, a que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos, logrará
o mister de dignificação e liberdade para o Espírito, concluindo magistralmente que a desordem
e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar, assim
facultando a paz e o progresso dos povos”.
Joanna de Ângelis (Página psicografada pelo médium
Divaldo Franco, na reunião da noite de 17 de julho de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, na Bahia.)

“Criança que se evangeliza – adulto que levanta no rumo da felicidade porvindoura.”
Bezerra de Menezes

Fontes:

1 - CUIN, W.A.
Perguntando e aprendendo. 2ª ed.
EME. São Paulo, 1998.

2 - http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-15.htm

3 - BARCELOS, W.
Educadores do Coração.
2ª ed. UEM. Belo Horizonte, 2000

4 - ALVES, W.A.
www.pedagogiaespirita.org/ebook/pratica01.pd

5 - DUFAUX, E. Seara bendita.
Dufaux. São Paulo, 2000.

6 - http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=4296

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