Ed. 02 – Matéria doutrinária - Reencarnação

por Norberto Gaviolle


Reencarnação: um dogma do espiritismo

ou uma realidade?

A reencarnação é tida como um dogmano espiritismo,
mas o bom senso e uma análise lógica é que
responderá a esta questão, uma vez que não há
comprovações aceitas pela ciência a respeitoda reencarnação.
Dentre a população temos dois grandes segmentos, os materialistas, aqueles crentes que a vida é resultado da coesão de forças da matéria e que a morte é o fim de tudo, e, os espiritualistas, aqueles que acreditam que há algo, além da matéria, a reger o nosso corpo físico, e que este algo é chamado de alma ou espírito.
Dentre os espiritualistas há os reencarnacionistas, aqueles que crêem que há várias vivências físicas, de uma mesma alma ou espírito, em diferentes corpos; e os espiritualistas não reencarnacionistas, que acreditam que a alma ou espírito só tem uma vivência e, que um dia, ela ressuscitará para o julgamento final, isto é, voltará a ter o mesmo corpo de quando morreu.
Imagine como se apresentará a maioria dos ressuscitados, lembrando que a morte é a falência orgânica? Neste caso, teríamos a grande quantidade de ressuscitados como doentes, acidentados, mutilados e velhos com falência orgânica múltipla.
Isto não seria um contra-senso divino?
Outro aspecto a considerar numa única existência corporal seria uma vida de 80 anos. O que representa este período, dentro do tempo de existência da Terra – estimada em 8 bilhões anos, desde a criação até a sua extinção?
Como se compararia, para efeito de julgamento final, as atividades intelectuais e morais de um indivíduo que viveu na pré-história, com outro vivendo neste século?
O indivíduo que durante a vida, cometeu um erro existencial prejudicando o próximo, aquilo que chamamos de pecado, nunca mais teria chance de se redimir e provar que face a mesma situação, tomaria outra decisão não prejudicial.
Se considerarmos a possibilidade da reencarnação muitas questões ficam claras, inclusive aquelas consideradas hereditárias.
Qual a finalidade da reencarnação?
Os próprios espíritos responderam esta pergunta, feita por Allan Kardec, na questão 167 de O Livro dos Espíritos: “qual o fim objetivado com a reencarnação? Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade.
Sem isto, onde a justiça?” Nosso entendimento: “expiação” seria o remir de uma culpa, o suplantar da sua própria ignorância. “Melhoramento progressivo” é evolução natural de todos os indivíduos, uns mais rápidos, outros mais lentamente, dependendo da própria força de vontade. “Onde a justiça” é a condição dada por Deus, para que cada um seja responsável pelos seus atos, e a ele, espírito, recaia a missão de reparar os delitos cometidos.
Algumas vezes essa é uma condição compulsória, quando o espírito não tem discernimento para a escolha do tipo de vida que terá, da mesma forma que os pais escolhem a escola primária que o filho estudará; e, outras vezes, é uma escolha própria, quando ele se acha autosuficiente para executar dada tarefa reparatória e evolutiva, da mesma forma que ele escolhe o curso de pós-graduação que fará depois de adulto.
No processo reencarnatório, o espírito tem a possibilidade de renascer num novo corpo adequado para que ele desenvolva o autocontrole para habitar no novo corpo,
independente das condições físicas deste, que pode apresentar anomalias ao nascer, ou que estas anomalias ocorram ao longo da sua vida, o que é mais comum.
Convém lembrar que as doenças têm duas origens: uma externa, quando nos acidentamos e outra interna, quando nos desequilibramos psiquicamente, afetando nosso sistema imunológico e a partir daí surgem as doenças físicas.
Imagine a prova vivida por um espírito nascendo num corpo debilitado e nele permanecer 80 anos, sem se revoltar e sendo tolerante consigo mesmo,
sabendo, espiritualmente falando, que na vida anterior ele abusou da sua liberdade e prejudicou muita gente.
Os 80 anos de debilidade o levam a uma reflexão sobre os atos cometidos, pois se tivesse a mesma liberdade da encarnação anterior, provavelmente repetiria os mesmos atos prejudiciais. Isto é que entendemos como carma, ou lei de causa e efeito.
Na vida social temos as maiores provas da nossa evolução espiritual e, como não há nada pronto, cada um tem que evoluir por si só, se relacionando com o meio ambiente e com outros espíritos encarnados, que também fazem parte do meio ambiente, onde as disputas terrenas servem para o nosso aprendizado, nos
transformando em seres melhores a cada dia. Todo conhecimento conquistado fica armazenado na memória do espírito e um dia será usado, para resolver problemas semelhantes, nesta ou em outras existências.
Se nos 80 anos de vida não conseguimos evoluir o suficiente, e temos provas reais disto, é só fazer a nossa autoanálise.
Só nos resta crer que, a reencarnação é uma realidade lógica criada por Deus e não dogmática, onde temos a chance de, em vidas sucessivas, ir treinando a nossa vida de relação e, assim, evoluir. Saindo da simplicidade e ignorância até chegarmos à perfeição.


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