Ed–13–Por dentro do IEE

Por Almira, Martha e Messiota

Pedro de Camargo (Vinícios), professor, escritor e avô.

vinicius

Escrever sobre Pedro de Camargo (Vinícius) é para nós um prazer, porque tivemos a honra e a alegria
de conviver com ele quase que diariamente.

Era um avô muito querido não só pelos seus netos e familiares como também pelos amigos e aqueles
que o conheceram através de suas palestras dominicais na Federação Espírita de São Paulo, através do Rádio e também por seus livros:
Na Seara do Mestre, Nas Pegadas do Mestre, Em torno do Mestre e na Escola do Mestre.


Vinícius sempre gostou muito das crianças e era muito alegre e carinhoso com seus netos. Gostava
de colocar apelidos em todas as pessoas. Por essa razão, talvez, que nós, os netos mais velhos,
chamávamos o vovô de Vovico.


Pedro de Camargo tinha um semblante calmo, olhinhos verdes, cabelos muito brancos, estatura
baixa e andava sempre de camisa branca, gravatinha borboleta e suspensório. Por onde passava levava tranquilidade, uma palavra de consolo e muito amor.


Não escrevemos sobre a vida de Pedro de Camargo como: quantos filhos teve, como iniciou sua carreira
espírita, quando ficou viúvo, porque muitos já nos antecederam, mas abordaremos algumas passagens
de sua vida familiar e de seu verdadeiro “sonho”: o grande papel da educação na vida de um indivíduo,
principalmente aquele que crê na doutrina da reencarnação.


Muito enfronhado na Federação Espírita de São Paulo e participando da U.S.E., colaborou com o
propósito de unificar o espiritismo no Estado de São Paulo. Dentro da U.S.E. surgiram diversos
departamentos e um deles era o Departamento de Educação.

Deste departamento nasceu o Instituto Espírita de Educação cujo objetivo era estabelecer escolas
infantis com base na doutrina.


Em janeiro de 1949, foi estabelecida a primeira diretoria do IEE, assim distribuída: Pedro de Camargo Vinícius como presidente,
acompanhado dos amigos Luísa Peçanha C. Branco, vice-presidente; Emílio Manso Vieira, secretário geral; José Herculano Pires e Haydée
Guedes dos Santos, secretários e o general Pedro Pinho na tesouraria.

Fora plantada a semente de uma escola espírita em São Paulo e no dia 11 de abril de 1955 é posto em
funcionamento, na Rua Guarará, nº 140, o Externato Hilário Ribeiro, nome dado por sugestão de
Vinícius, que apreciava as ideias e didática de Ribeiro.

Por que Hilário Ribeiro? Porque ele foi um grande professor gaúcho, autor de peças de teatro, poesias,
além de cartilhas e livros didáticos, alguns com enorme sucesso, tendo atingido centenas de edições como Primeiro livro de leitura, Segundo livro de leitura e Cartilha Nacional para o ensino simultâneo de leitura e caligrafia. Hilário Ribeiro teve grande prestígio em todo o Brasil por suas obras pedagógicas e suas ideias sobre educação. (Porto Alegre, Aquiles – Homens ilustres do Rio Grande do Sul, Livraria Selbach, Porto Alegre, 1917) Pedro de Camargo, além de dirigir o “Externato Hilário Ribeiro”, passou a lecionar a sua matéria preferida: o Evangelho à luz do Espiritismo e que fazia com a maior simplicidade e clareza. Ele foi, sem dúvida alguma, um dos maiores conhecedores do Novo Testamento e transmissor de suas verdades à luz da doutrina.

Dizia-nos sempre: “O Evangelho verdadeiro não é o que conta a vida de Jesus, mas é essa mesma vida
vivida em nós”.


Em 1957, Vinícius percebeu que era preciso reduzir suas atividades.
Resolveu encerrar suas participações nas manhãs de
domingo, na Federação Espírita e nas Escolas de Aprendizes do Evangelho.

Em 22 de abril de 1966, comunicou ao Conselho do IEE a sua decisão irrevogável de deixar a presidência
por motivo de saúde, mas nunca abandonou o sonho do educandário espírita, onde os mestres colocariam
os conhecimentos científicos e do mundo paralelos ao ensino da doutrina, procurando mostrar o
valor do caráter, do respeito, da humildade, da bondade, do amor ao próximo e da caridade – todos
esses bens que levamos conosco para a Vida Maior, bens os quais “o ladrão não rouba e a traça não rói!”

É com muita tristeza que vimos o Externato Hilário Ribeiro ser fechado, mas com muita esperança
de vermos ainda em nossa capital uma “escola espírita”.


Concluindo, terminamos essas palavras com uma crônica de Vinícius intitulada “Proêmio ao Evangelho.”

“O evangelho é a palavra da vida que encerra a suprema e eterna verdade. É mister, porém, que se receba uma certa luz do céu para que se descubra, através da letra que mata, o espírito que vivifica.
Sem o auxílio dessa luz, as maravilhas desse livro passam despercebidas mesmo às inteligências
cultas e desenvolvidas.
Daí porque muitos desdenham sua leitura e seu estudo, nada descobrindo de atrativo e digno
de nota, enquanto que outros sentem-se arrebatados todas as vezes que têm oportunidade de
meditar sobre as belezas inefáveis que o Evangelho contêm. Pelo mesmo motivo, uns o lêem
e permanecem na mesma, enquanto que outros transformam-se em novas criaturas após
haverem percorrido suas páginas.
Não há problema que afete o indivíduo ou a sociedade que nessa obra se não ache esclarecido
e perfeitamente elucidado embora sob velada aparência.
O receber a luz do céu, mercê da qual as letras evangélicas brilham mais que todas as constelações do firmamento, não constitui privilégio
de nenhuma raça, povo, casta ou igreja: ela desce sobre todos os que se põem em condições
de recebê-la.
A condição é esta: abrir mão de toda a ideia preconcebida.
Fazer-se pequeno e simples como as crianças, (humilde) e, em seguida, pedir, bater e procurar
com o interesse de quem tem fome e sede de Justiça e de Verdade.”

Suas netas
Almira, Martha e Messiota

índice

Nenhum comentário:

Postar um comentário