Ed. 06 – Mensagem na íntegra – Matéria de capa


QUERIDA BENEDITA, SEMPRE QUERIDA DITA ESPOSA E COMPANHEIRA



“Não preciso dizer “até logo”, porque pelo pensamento estamos e continuaremos sempre juntos”

Meu primeiro pensamento é o da prece. Agradecer a Deus esses minutos. Vejo você com a nossa Vilmer e com nossos amigos e embora não me vejam com os olhos, em companhia de meu pai Marcírio e do irmão Villas Boas, ao lado de outros companheiros, estou presente, na ânsia de ganhar tempo e aproveitar os momentos na escrituração desta carta. Não escrevo sozinho. Ainda não tenho experiência bastante para comandar um lápis assim, com tanta rapidez. Mas penso e falo por dentro de mim com você e com auxílio de amigos daqui tenho a idéia de que lanço minhas idéias e palavras no papel, tocando com meus dedos um aparelho elétrico que não sei descrever. digo isso para tranquilizá-los. Se procurassem por mim nas letras, seria difícil o encontro. Para isso eu teria que me sentar como em nossa casa e fazer anotações muito vagarosas. O meio de que me utilizo é a Providência que disponho, e rendo graças a Deus por isso.
Minha velha, não chore. A tempestade passou. Vilmer ajude seu pai a estancar este poço de lágrimas que, a princípio, quase não pude suportar sem enlouquecer. Felizmente a luz de nossa fé estava brilhando. Sempre disse em casa que Deus me faria uma benção se tivesse que deixar meu corpo em serviço e aconteceu como eu previra. Aqueles nossos estudos e comentários em torno da prece e reencarnação me auxiliaram nos momentos mais duros de atravessar.

Penso que não deveria tocar no assunto, mas tenho consentimento para isso, porque não desejo pensamentos de mágoa contra ninguém. Aqueles dois companheiros no carro não seriam os executores das Leis de Deus?
O carro era meu instrumento de trabalho, a riqueza do pai de família, simples e feliz , que sempre fui. Naturalmente quando me senti despojado da máquina que valia tanto e que ajudava a sustentar a família, quis reagir, reclamar...
Hoje não tenho memória para dizer os detalhes da ocorrência, mas lembro-me de que um golpe me retirou qualquer faculdade de reação. Orei, reclamando vocês todos, esposa querida e filhos meus!
Sabia porém, que havia soado a hora, a hora que ninguém espera e sempre chega... tentei pedir clemência e dizer que entregava tudo, mas me poupassem a vida, no entanto a voz não saía mais. Notei que mãos vigorosas me deitavam numa plantação que me oferecia repouso. No íntimo sabia que não me achava distante de Campo Mourão, no entanto a situação em que me achava não me permitia senão apelar a Deus e seus mensageiros, porque dentro de mim, adivinhava que o corpo era uma vestimenta que não mais me serviria para o trabalho. Adormeci, pensando na família e procurando esquecer qualquer sentimento que me azedasse as idéias. recordei todas as lições que tivemos e vivíamos juntos e aceitei aqueles dois irmãos por amigos que não podiam conhecer que eu, com mais de sessenta anos, tinha na retaguarda uma esposa, filhos e filhas, genros e noras e netos que adorava. Se soubessem quanto amor brilhava em meu coração, creio que tudo estaria bem. Mas a dívida busca o devedor com endereço exato. A Lei me considerava em débito e graças a Deus resgatei compromissos grandes. Rogo a vocês considerarem tudo na paz de Deus, com a Benção de Deus. O ódio não conduz a caminhos que nos possam trazer qualquer benefício e para nós reservou-nos Jesus tanto amor que sómente o amor deve clarear nossa memória. A princípio fui conduzido para um hospital em que o amigo espiritual Dr. Leocádio me prestou imensos serviços. Não sei se vocês se recordam que minha família, em minha infância, se referia ao Padre Vítor de Três Pontas, como sendo um benfeitor. Pois ao lado de meu pai, ele também foi para mim um amigo e benfeitor, cuja dedicação assinalo.

As lembanças de casa, de começo, me faziam sofrer muito. Queria ver você, querida esposa, e ver nossos filhos, mas a cabeça doía e para pensar corretamente, precisava muito esforço. Ouvía tudo o que se passava no lar, porque o meu sentimento não se desligava, até que suas orações no dia dezessete de abril, com as meninas, me tocaram o coração de tal modo que a memória se fez lúcida, sempre mais lucida. Fui até a casa em companhia dos benfeitores que me protegem e pude ver com que carinho me recordavam o aniversário, você, minha velha, falava em meus sessenta e três anos como se eu estivesse alí sob o nosso telhado para uma festa. Festa de saudade e de pranto, mas enfeitada nas orações que a família me endereçava. horei muito, eu que rogo a vocês não chorarem, mas é que a alegria do resgate havido me confortava, embora as dificuldades da existência material, a dívida fora saldada e agradeci como agradeço agora as provas por nossas bênçãos. Vou bem e continuarei melhor com as bênçãos de Jesus, para ser-lhes mais útil.
A todos os nossos, com os dez filhinhos à frente, o meu abraço de reconhecimento.

Nossa Vilmer abraçará as irmãs e o nosso Valdisnei abraçará os irmãos por mim. Não tenho memória para repetir todos os nomes de nossa gente porque a lista ficaria incompleta, caso tentasse um esforço para todos enumerar, mas peço a Vanderci abraçar por mim aos genros e noras e com um beijo aos queridos netos.

Querida Benedita, nossa querida companheira, fique tranquila, daqui posso trabalhar e ajudar a você nas tarefas de cada dia.
Não se esqueça, Deus está por nós e com Deus por nós tudo seguirá muito bem.
A irmã Cândida, Maria Cândida e o irmão Villas Boas estão presentes e abraçam também a você com carinho e gratidão de que sou portador.
Agora faço ponto. Devo desejar a todos paz e fé em Deus.
Querida Benedita, sempre querida Benê, recebe com a nossa querida Vilmer e com todos os nossos, muito amor e muito reconhecimento de seu velho.
O dia de ontem já passou, hoje está saindo de foco, amanhã será outro dia e depois, muito depois, para nós que desejamos a você uma existência longa junto de todos os nossos, será o reencontro, a vida sem separação.
Não preciso dizer até logo”, porque pelo pensamento estamos e continuaremos sempre juntos.

Para você, esposa e companheira querida, o coração e a vida do esposo, sempre seu velho e seu companheiro reconhecido.

JOÃO REIS DE ANDRADE - Uberaba, 09.07.76
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier)


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