Ed. 06 – Capa – Os 100 anos de Chico Xavier

Por Lucia Maria Silva de Andrade

Oculos Chico
Nesta edição, aproveitando a proximidade da data de nascimento (02 de abril de 1910) do incansável trabalhador espírita, agora na espiritualidade, Francisco Cândido Xavier, conhecido como “Chico Xavier – um cisco de Deus”, teremos uma matéria todinha sobre ele, abordando a sua importância como pessoa e como colaborador do plano espiritual, mitigando as dores e sofrimentos daqueles que o procuravam em busca de consolo e palavras de esperança.

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Chico Xavier viveu seus 92 anos no limite, com um pé na terra e outro no além. Fechou os olhos e colocou no papel poemas, crônicas e mensagens. Em 2002, o médium que foi eleito um dos brasileiros mais importantes do século XX, encerrou sua missão.

Crença religiosa à parte, é impossível não se impressionar com a vida de Francisco Cândido Xavier. Desde menino, algo de especial já podia ser percebido. E ao longo de sua vida, diversos episódios surpreendentes aconteceram.

Chico Xavier foi um personagem único da nossa história. Seus principais atributos foram a solidariedade, a tolerância, a paciência e o trabalho.
Um homem que construiu sua trajetória movida por três forças poderosas: o sentido de missão (divulgar a doutrina espírita e praticar a caridade), o sentido de doação (Chico abriu mão de tudo, de ganhos materiais e da própria privacidade, para cumprir sua missão) e o sentido de aceitação (ele sempre encarou doenças e outros obstáculos como oportunidades de crescimento e superação).

Chico receitava a todos que o procuravam, muitas vezes em desespero, um remédio poderoso: “ajuda o outro e você vai estar se ajudando”.

Mediunidade abençoada

Tenho exemplo pessoal da importância dele na minha família, conforme depoimento das minhas cunhadas, com o recebimento da mensagem de meu sogro em Uberaba depois de um ano de seu falecimento.

Para melhor compreensão dos fatos, citarei brevemente a composição familiar de meu marido (para ler a mensagem na íntegra, consultem o livro Vitória – psicografado por Chico Xavier, na autoria de Elias Barbosa e diversos espíritos, incluindo meu sogro João Reis de Andrade no capítulo 09).

João Reis de Andrade, natural de Alfenas, em Minas Gerais, nascido em 17 de abril de 1913, era motorista de táxi na cidade de Apucarana, no Paraná. Casou-se com Benedicta Villas Boas de Andrade, costureira, nascida em Itapiratiba (SP) no dia 09 de abril de 1918. Tiveram 10 filhos, sendo seis meninas e quatro meninos.

No ano de 1975, fevereiro, mês de carnaval, minha sogra estava em São Paulo, acompanhada de sua irmã Jaci, para visitar uma tia que estava muito mal de saúde. João havia ficado na cidade com os outros filhos e fazia as corridas de táxi, partindo do seu ponto localizado na Praça Central (Praça Rui Barbosa).
Naquela tarde, três rapazes, solicitaram-lhe uma corrida até Campo Mourão (cidade distante aproximadamente 100 km de Apucarana). Preocupado com a hora, João passou em sua casa para avisar que faria uma corrida longa e partiu com os homens.

Passaram-se horas e João não aparecia... No outro dia, pela manhã, seus familiares apreensivos, resolveram alertar a polícia, não sem antes avisar os colegas de trabalho que também ficavam na praça. Saíram todos em busca dele.

No terceiro dia depois de intensas buscas o corpo foi encontrado por um lavrador em uma plantação de soja (perto de Campo Mourão), já em estado de decomposição e com sinais de facadas e de degola. Benedicta já havia sido avisada do desaparecimento dele e tinha retornado a Apucarana.Podem imaginar a tristeza da família? Foi um período muito duro, em que perceberam quem eram realmente os verdadeiros amigos. A superação de perda, a dor e a angústia tornavam distante a recuperação da família.

Recebendo a mensagem de conforto

Passaram-se os meses, algumas pessoas do centro espírita local organizaram uma caravana até Uberaba para visitar o centro do Chico.

Benedicta foi acompanhada de sua filha caçula Vilmer e alguns amigos, que já tinham ido outras vezes até lá. Vilmer, ao chegar ao centro, sentiu uma grande emoção, principalmente por ver quantas pessoas esperavam notícias dos parentes que os precederam à espiritualidade.

”Lá já havia mais de trezentas pessoas no local para vê-lo e quem sabe poder falar com ele [Chico]. Havia uma fila imensa, para cumprimentá-lo. De repente uma senhora sai lá de trás e vai ao encontro do Chico dizendo que precisava falar com ele.

Foi acalmada, amparada e levada para sala de passe. A fila prosseguiu. Quando chegou a minha vez, ele perguntou o nome do filho mais velho e do mais novo. Na vez de minha mãe, ele disse que uma senhora estava próxima dela e que se denominava Irmã Cândida.

Enquanto o Chico era cumprimentado, os médiuns na mesa liam o Evangelho. Encerrada a leitura, Chico foi para a mesa e começou a psicografar. Fui tomada de uma esperança de que seria meu pai dando a mensagem.

Dª. Nadir, uma amiga, falou que não era para avisarmos minha mãe para não lhe dar esperanças, pois ela já estava ali pela segunda vez em busca de notícias de sua filha e poderia acontecer o mesmo conosco,decepcionando minha mãe.
Quando começou a leitura da mensagem não tive dúvidas! Enchi-me de coragem e pedi que minha mãe fosse aproximada da mesa. A emoção tomou conta de todos! Aí não vi mais a noite passar”, conta Vilmer. (leia a mensagem na íntegra neste blog).

Relata ainda que a mensagem trouxe bastante conforto à família e principalmente ajudou a acalmar os corações das pessoas que os rodeavam e esperavam uma reação de revanche, o que não iria acontecer, uma vez que iriam colocar em prática os princípios que o pai lhes ensinara a vida inteira: o perdão e a confiança no Pai que está em toda parte.

“(...) aceitei aqueles dois irmãos por amigos que não podiam conhecer que eu, com mais de sessenta anos, tinha na retaguarda uma esposa, filhos e filhas, genros e noras e netos que adorava. Se soubessem quanto amor brilhava em meu coração, creio que tudo estaria bem. Mas a dívida busca o devedor com endereço exato. A Lei me considerava em débito e graças a Deus resgatei compromissos grandes. Rogo a vocês considerarem tudo na paz de Deus, com a Benção de Deus. O ódio não conduz a caminhos que nos possam trazer qualquer benefício e para nós reservou-nos Jesus tanto amor que somente o amor deve clarear nossa memória (...)” João Reis.

Vanderci, outra filha do casal, professora universitária e pesquisadora científica, também comprova a veracidade da mensagem, por meio de seu depoimento.
“Não fui com a minha mãe à Uberaba, mas, na volta, ela e a Vílmer passaram por Sertanópolis e mostraram a carta. Eu e meu marido Francisco nos emocionamos muito. Os meninos ainda eram muitopequenos. Ao ler a carta, como pesquisadora, busquei indícios de que não teria sido transmissão de pensamento de minha mãe para o Chico: mas as referências aos assassinos, a dívida contraída, as lágrimas e inconformismo de minha mãe, o desejo de vingança, e os amigos espirituais que o receberam, tudo isso para mim, deixou evidente a veracidade da mensagem, além disso, a assinatura do meu pai era muito parecida”, conta.

Um breve relato da mensagem: ”sempre disse em casa que Deus me faria uma benção se tivesse que deixar meu corpo em serviço e aconteceu como eu previra. Aqueles nossos estudos e comentários em torno da prece e reencarnação me auxiliaram nos momentos mais duros de atravessar”.

Agradecimento da família ao Chico e ao plano espiritual

Podemos concluir então, que é uma benção ou merecimento o fato de ter notícias do lado de lá e agradecer ao plano espiritual por estar sempre auxiliando-nos e amparando-nos.Somos muito gratos ao Chico pelo seu carinho e dedicação ao próximo no período terreno e sabemos que, de onde estiver, estará trabalhando e trabalhando e trabalhando...

”O dia de ontem já passou, hoje está saindo de foco, amanhã será outro dia e depois, muito depois, para nós que desejamos a você uma existência longa junto de todos os nossos, será o reencontro, a vida sem separação” - João Reis de Andrade – Uberaba – 1976.

Realmente, minha sogra, Benedicta, foi para o plano espiritual no dia 18 de dezembro de 2008, depois de 34 anos do desenlace do esposo João Reis.
Queridos leitores agradeço a vocês também pela paciência e carinho ao ler esta matéria que foi escrita com tanto amor. Que Deus, nosso Pai, nos proteja e nos dê forças para superar os obstáculos com resignação e fé. Até a próxima!



Chico Alegre

Se nós pudéssemos colocar uma legenda na frente de cada conjunto residencial, de cada cidade, de cada aldeia, de cada metrópole, de cada grande capital do progresso humano, se nós pudéssemos e
tivéssemos bastante autoridade para isso, escolheríamos aquela frase de Nosso Senhor Jesus Cristo quando Ele nos disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”


Francisco Cândido Xavier

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