Ed–14–Capa

por Esterlita Moreira

 

Trabalho voluntário e espiritismo

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“Fraternidade, igualdade e liberdade, princípios solidários entre si, que norteiam a dinâmica
social do Espiritismo”.
(Allan Kardec, em Obras Póstumas)


O despertar para o trabalho voluntário vem crescendo muito nos últimos tempos. O olhar solidário para a dor do outro passou a mover
nossas ações. Não conseguimos mais ficar confortáveis com as nossas conquistas diante da precariedade que muitos ainda vivem.

Sob o nome de responsabilidade social, muitas empresas se abriram para esse caminho também,
incentivando seus funcionários a se envolver em projetos sociais.

E foi na década de 1990 que surgiram
as chamadas organizações não governamentais, as ONGs, que elaboram projetos sociais para diversos segmentos da sociedade, crianças, idosos e pessoas
com deficiência física, com o objetivo de reduzir os problemas sociais.

O Estado também não ficou de fora.

A Lei Orgânica da Assistência Social de 1993, advinda da reforma da Constituição Federal (1988) dá diretrizes para um trabalho organizado
na área social. A Carta Magna instituiu um capítulo inteiro dedicado a Ordem Social, inédito em toda a
nossa história. Assim constatamos três setores: estatal, empresarial e instituições não governamentais trabalhando na mesma direção,
a de promover o bem.

O olhar para os problemas sociais da humanidade é mais antigo, remontando ao século XIX.

Os primeiros filantropos, pensadores desse século, já estavam preocupados com isso. Durante
a primeira fase do desenvolvimento industrial, um fenômeno sócioeconômico chamou a atenção
desses pensadores – o pauperismo: a riqueza crescia na mesma proporção que a pobreza. E aí
perguntamos: seriam a riqueza e a pobreza responsáveis por todos os problemas? Não. O que faz crescer a desigualdade e os problemas
sociais, é que o homem ainda não percebeu que é um usufrutuário e não proprietário dos bens materiais.

Segundo Kardec, a riqueza desperta todas as paixões próprias da matéria, nos distanciando da perfeição moral e dos problemas dos outros.

Tanto a prova da riqueza quanto a da pobreza nos pede muita humildade e também muita ação.

E também se critica o desenvolvimento econômico-tecnológico que apesar de gerar desigualdades é muito importante, pois traz progresso e
aprendemos com Kardec que a Lei do Progresso (vide capítulo III de O Livro dos Espíritos) é inexorável, não é? Mas todo cuidado é pouco,
com o desenvolvimento desenfreado. A verdadeira Ordem Social, para Bezerra de Menezes, é
“o equilíbrio entre o progresso material e o aperfeiçoamento moral” (Coletânea Discursos Parlamentares).

E em Obras Póstumas, Kardec descreve o programa de uma ordem social justa: liberdade, igualdade
e fraternidade, e que nada se opõe mais a essa ordem do que o orgulho e o egoísmo. Isto significa dizer que os problemas sociais, na essência,
são problemas morais.

Nossa evolução não se dá em saltos. Evoluímos por etapas. E passando um olhar rápido por tudo
que já vivemos até aqui, em nossas diversas vidas, podemos observar que a nossa evolução moral é muito mais lenta que a nossa evolução
intelectual. O nosso aprisionamento ao material que nos rodeia ainda é muito forte, e nos distancia
do propósito principal, que é nosso melhoramento moral.

Não podemos nunca esquecer que TUDO VEM DE DEUS!

O trabalho voluntário cresceu e se organizou ao longo das duas últimas décadas. As ONGs se modernizaram também. Elaboram com cuidado
seus projetos sociais, definindo objetivos claros e contando com o trabalhador voluntário sério
e competente, que oferece uma parte do seu tempo útil colocando a disposição sua competência
profissional e seu amor para completar
o quadro de recursos humanos dessas instituições.

Reconhecido mundialmente, o trabalho voluntário
é uma contribuição importante na diminuição da miséria econômica, social e moral que ainda nos rodeia, constituindo-se assim numa
forma organizada que nos convida a praticar o amor e a caridade a todos os irmãos em necessidade.

E qual a relação de tudo isso com o espiritismo? O espiritismo nos leva à reflexão das nossas questões
essenciais, pelo estudo e pela prática da caridade. No espiritismo, a dinâmica da CARIDADE propõe
romper o egocentrismo social dos indivíduos em favor do altruísmo moral. Kardec, em O Livro dos
Espíritos, nos fala que devemos lutar para extirpar o egoísmo, porque é incompatível com a justiça,
com o amor e com a caridade.

Kardec ainda nos diz, em Obras Póstumas que, quando todos compreenderem a proposta do
espiritismo, compreenderão também a verdadeira solidariedade e a verdadeira fraternidade, que não
serão mais deveres de ocasião.

“O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem
incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem enamorar-se de si
mesmo na vaidade e sem escravizarse às criações de que terá sido venturoso instrumento” (Emmanuel)

Aqui no IEE, todas as atividades das áreas doutrinária, educacional e filantrópica, são realizadas por voluntários, que generosamente
integram nosso quadro de colaboradores. Em geral, todas as atividades, a exceção de alguns
trabalhos administrativos, somente acontecem com a participação assídua dos voluntários. E mais
trabalhos nos aguardam! Há poucos meses, a Associação Lar Criança Feliz integrou-se ao IEE.
A associação é mantenedora de uma creche e de um centro de juventude, que atende 250 crianças e
adolescentes, nas faixas etárias de 2 a 16 anos.

Com isso, as oportunidades de trabalho
voluntário tendem a crescer, e muito.

Concluindo, o espiritismo, como doutrina religiosa, filosófica e moral, age sobre as consciências dos
homens, modificando seu caráter, incitando-os à CARIDADE, à FRATERNIDADE, à JUSTIÇA.

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