Ed. 10 – Capa – A nova sede do IEE, tempos de renovação

 

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Perspectivas da frente e da lateral da nova sede do IEE

Para quem não acompanhou a história, a questão era a seguinte: o atual prédio do IEE foi idealizado e construído para abrigar uma escola, que funcionou até 1999. Com o encerramento das atividades da escola, ficamos com o compromisso de saldar débitos fiscais, previdenciários e trabalhistas e com um prédio imenso, superdimensionado para as nossas atividades. As receitas advindas de doações e das contribuições dos associados não eram suficientes para honrar os compromissos. Tempo difíceis!

Tentamos estabelecer várias parcerias com outras instituições espíritas. Não deram certo porque cada entidade tem suas próprias diretrizes doutrinárias e percebemos que iríamos nos tornar um outlet espírita, onde cada um “compra na lojinha que preferir”. Trabalho sério dá trabalho. Tentamos, ainda, nos conveniar com um abrigo para idosos, mas descobrimos, quase ao fim do processo, que teríamos que demolir as paredes do andar térreo (exatamente o andar onde abrigaríamos os idosos) porque no projeto aprovado perante a Prefeitura, a edificação era aberta (sem paredes). Nosso prédio estava irregular. Para regularizarmos a edificação, suprimimos as paredes do térreo e a transformamos em estacionamento, mas não pudemos trazer os idosos.

A ideia da venda do prédio e as possibilidades de negociação já vinham sendo exploradas e as propostas vinham chegando à Diretoria. Era a hora de analisar o assunto de uma forma séria.

As propostas eram sérias, mas a ideia teria que enfrentar muitas resistências. Para isto, nosso então presidente, André Steagall Gertschenstein, nomeou uma comissão formada por Mauricio Romão, Rafael Dourado e por mim.

Fomos incumbidos de analisar todas as possibilidades de utilização do nosso prédio e todas as propostas negociais.

Começamos por analisar as possibilidades de utilização do nosso atual prédio e percebemos, surpresos, que não eramos capazes de aproveitar nem um décimo da capacidade da edificação. Tínhamos espaço demais ou atividades de menos.

Muito bem. Para aproveitarmos o espaço, o que poderíamos fazer? Nada sem antes promovermos uma reforma geral da infraestrutura, envolvendo elétrica, hidráulica, telhado e a estrutura em si, que demandava reforços. Teríamos, ainda, que adequar o imóvel às atuais exigências de acessibilidade, permitindo que pessoas com mobilidade reduzida também pudessem frequentar as nossas atividades. Os orçamentos chegaram e verificamos que precisaríamos gastar algo em torno de quinhentos mil reais! E isto, só para manter o que temos, sem acrescer nada. E o tão sonhado auditório? Ah! Eram quase outros quinhentos mil!

Com a ajuda de consultoria especializada, avaliamos o nosso prédio e verificamos que o real valor da propriedade estava no nosso terreno. Dois mil metros quadrados e uma localização privilegiada. Valia em torno de dez milhões de reais.

Passamos a analisar as propostas de compra e o custo para transferirmos nossa sede para outro lugar, não muito distante da nossa atual casa. Afinal, o que somos nós sem os nossos frequentadores?

Escolher um terreno, comprar o imóvel e construir um prédio não foi tarefa fácil. Algumas incorporadoras nos procuraram, propondo uma permuta por uma nova sede, com as características necessárias ao desenvolvimento das nossas atividades.

Foi assim que chegamos a desenvolver o primeiro projeto com os arquitetos da EPP, a empresa de arquitetura que hoje está responsável pela coordenação da nossa obra.

Foram muitos terrenos analisados e dezenas de propostas. Boa parte das propostas não resistiu à análise mais atenta: terrenos localizados em áreas onde o zoneamento não permite nossa atividade, documentação inadequada, restrições para a construção de prédios, localização ruim e por aí vai. Nem preciso apelar para a imaginação de ninguém. Levamos quase um ano até termos material consistente para apresentar aos nossos conselheiros.

Graças à capacidade gerencial do Maurício, estabelecemos um critério de atribuição de notas a todos os aspectos que a comissão considerava importante: valor da proposta, valor da permuta, retorno em dinheiro para futuros investimentos na expansão das atividades do IEE, distância da atual sede, dentre outros.

Com isto em mãos, pudemos fazer escolhas objetivas, que buscavam, em primeiro lugar, manter os trabalhos que hoje já desenvolvemos no instituto e permitir a sua ampliação. Além disto, as nossas atividades não poderia ser prejudicadas no período das obras.

Antes da reunião com o conselho, resolvemos levar as propostas para avaliação dos nossos associados e, para isto, marcamos uma audiência pública. A acolhida geral não poderia ter sido melhor.

Mais confiantes, enfrentamos o conselho que nos autorizou a seguir em frente com as negociações, respeitando os parâmetros estabelecidos na votação. Saímos confiantes, mesmo sem saber que seria o início de uma nova etapa, marcada por longas e duras negociações com corretores, empreiteiras e investidores (ai ai, minha evolução espiritual).

As negociações levaram mais oito meses, até conseguirmos chegar à melhor versão possível do contrato e à conclusão do anteprojeto de arquitetura, ao qual incorporamos todo o mobiliário e os equipamentos que deverão ser instalados em nossa nova sede.

Para garantir aos associados que não teríamos que passar por qualquer susto, mantivemos a posse e a hipoteca do atual prédio, até a entrega do novo edifício, que deverá estar pronto para funcionar no primeiro semestre do ano que vem. Vamos trocar as chaves.

A obra da nova sede, em terreno localizado na Rua Atilio Inocentti, 667, segue em ritmo avançado e temos até um blog, por meio do qual todos os associados podem acompanhála: www.novasede.blogspot.com

O IEE que resultará desta operação será maior, mais saudável e estará pronto para desenvolver projetos maiores e mais abrangentes.

Aprendemos muitas lições neste caminho, sendo que a primeira delas foi a do desprendimento. Nossos antecessores nos deixaram um bem valioso e não tínhamos recursos suficientes para cuidar de forma adequada de um patrimônio tão grande. Como resultado, o prédio vinha se deteriorando. Poucos sabem, mas no curso desse processo todo, partes da estrutura se despregaram e caíram sobre um carro no estacionamento, o que nos obrigou a fazer obras de emergência e, é claro, a indenizar o proprietário.

Muita coisa aconteceu e nosso IEE demonstrou maturidade ao passar por uma crise e por um longo processo de mudança. Esse processo, por vezes, dolorido, começou pelas mãos firmes da Irene, com a reorganização dos nossos cursos e trabalhos doutrinários, visando integrar todas as atividades desenvolvidas, além de vincular os nossos frequentadores à casa.

Na área filantópica, contando com a tenacidade e dedicação da Esterlita e seu time, passamos a desenvolver projetos próprios, trabalhando em parceria com a Karina, na diretoria de educação. Surgiu o projeto de apoio às gestantes que é um sucesso.

Ainda, graças ao saneamento de nossas finanças, conduzido com transparência e seriedade pelo Garcez, saldamos todos os nossos débitos, o que nos possibilitou ter a documentação necessária para a transação. Esse processo demandou três anos de muito trabalho, capitaneado de maneira corajosa pelo André e pelo Passarinho, que aceitaram a missão de assumir a presidência em uma das etapas mais turbulentas da nossa instituição.

A crise sempre nos traz oportunidades de mudança e de crescimento, quando sabemos lidar com ela. No nosso caso, a crise nos possibiltou enxergar, sob uma perspectiva renovada, os reais papéis de nossa instituição. Tivemos que fazer escolhas e, por vezes, escolhas duras. Mas esse processo foi fundamental para que pudessemos concluir com tanta segurança pela venda do prédio, inaugurando uma nova fase para o IEE.

Hoje, com a mudança, temos não só uma nova sede, mas novos desafios pela frente, diante dos recursos que nos foram confiados por aqueles que nos antecederam na tarefa.

É responsabilidade de todos nós aplicarmos os valores que recebemos em contrapartida à venda, de forma a ampliar as nossas atividades, buscando multiplicar “os peixes e os pães” que colhemos no caminho.

E, antes que vocês nos perguntem o que vamos fazer com o dinheiro, já esclareço: Não! Não vamos abrir uma peixaria, nem uma padaria.

Os recursos advindos da transação, por determinação do nosso estatuto, foram aplicados. Podemos utilizar os rendimentos para o custeio de nossas atividades, mas a utilização dos recursos aplicados depende da aprovação de projetos que demonstrem sua sustentabilidade. Isto porque é muito fácil implantar um novo projeto, mas mantê-lo, é outra conversa.

Para não repetirmos os erros do passado, foi criada uma outra comissão que analisa os projetos encaminhados pelos associados. Se a idéia for aprovada, a comissão a apresenta ao conselho e, finalmente, à Assembléia Geral que a aprova ou não.

É um processo difícil, podem dizer alguns, mas foi a melhor maneira que encontramos para contar com a participação de todos no processo decisório quanto à aplicação dos novos recursos.

Somos todos responsáveis pelo destino da nossa instituição. É isto que queremos.

O nosso IEE está crescendo e temos, agora, a responsabilidade de multiplicar nossos recursos, transformando-os em oportunidades para os menos favorecidos.

Agora, meus amigos, os talentos estão em nossas mãos.

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